domingo, 5 de abril de 2015

As Cores da Ressurreição

               Por sermos seres-humanos, passamos por momentos de deserto em nossas vidas. Indefinições, arrependimentos e dificuldades. Amar nunca é simples. Crescer não é fácil.

         Normalmente estes desertos nos despertam diferentes sentimentos. Dentre eles, segundo Pe. Jonas Abib, o sentimento que mais nos afasta de Deus é o desânimo, pois as pessoas acreditam que este vem de sua personalidade, de seu temperamento. As pessoas então não reagem a seu sofrimento, deixam a cruz no caminho, e prolongam os desertos de suas histórias. O apego ao que já passou nos torna “Bartimeus” pois presente e, por conseqüência, futuro se esvaem, restando apenas o passado.

         Parafraseando o místico espanhol São João da Cruz: “O que conhecemos de Deus são as pegadas de sua ausência”, como num esconde-esconde entre o Criador e a criatura. Quando olhamos no para-peito da janela, Ele já foi. Quando voltamos para a sala, já não está mais lá.

         Ausência. Palavra que entristece.

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         Presença. Canal que revigora.

         Neste esconde-esconde, entretanto, o prolongamento do deserto pode se tornar uma escolha. Muito cuidado ao pensar: “Deus já esteve mais perto de mim que está hoje”.

         Lembremos dos girassóis. Eles não ligam para as sombras de suas vidas, afinal seu rumo se dá através do sol, e isso basta. Estamos nós vivendo nas sombras de nossa existência, ou voltamos nosso olhar ao nosso único e verdadeiro Sol?

Mal analogando, Deus não é o pote de ouro no fim de um arco íris. Quando percebemos que Ele se encontra no próprio arco-íris, ou seja, nas cruzes de nossa caminhada, nos permitimos sentir sua presença. A felicidade é uma escolha, diria um sábio amigo. E o pote de ouro poderia ser nosso suspiro derradeiro. Parafraseando o escritor francês Ludovic Giraud: “Ao se encerrar na sua noite, Ele retém um pouco da luz que, da soleira, lhe ofereceste, e um pouco do amor que em ti pode divisar.”

Como um mosaico, a Revelação de um Deus-Amor vai sendo construída em nossas vidas, se permitirmos. E a ausência se torna presença: o Amor repartido na Comunhão se torna prova disto. E aos poucos, fortalecidos, enxergamos ao longe o oásis no meio do deserto.

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         Professor Carlos Martendal, certa vez, lançou a seguinte reflexão: “Todos nós já tivemos momentos especiais, felizes. Hoje estive pensando: qual terá sido o dia mais feliz da vida de Jesus?”

Ouso responder: Meu caro professor, o dia mais feliz eu não sei. Porém um dos dias mais felizes acredito ter sido dia 3 de abril de 2015, onde um punhado de jovens fez estar presente em dezenas de corações a mais linda história de Amor.


Per crucem ad lucem: era pela Cruz que Ele devia chegar à glória.

Se as águas de março fecham o verão, a partir das cores da Ressurreição vivemos uma verdadeira primavera com a certeza da presença do Todo Amor.

“Viver é descolorir. Ou colorir, não sei. Tudo depende da disposição de quem vive.”

(Pe. Fábio de Melo)

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