Em minha infância, no
momento em que ouvia minha família rezando para algum Santo, ou quando
frequentava a Igreja “São Sebastião” (nossa Igreja do CAP) logo pensava: “Nossa! Esses santos certamente nasceram
perfeitos! Passavam longe de quaisquer tipos de pecado...”
Mas hoje percebo que eu
estava muito enganado!
Nós, meros seres
humanos, somos seres limitados. Temos imensas qualidades, mas também uma
infinitude de defeitos. Das mais diversas formas, dos mais diversos tipos. E nosso
amor -e por conseqüência- nossa felicidade são diariamente violentados por
esses defeitos.
Os santos, amigos de
Emaús, também tinham defeitos.
Santo Inácio de Loyola, o fundador dos
jesuítas (tem até uma estátua sua em frente à Igreja do Colégio Catarinense),
por exemplo. Era o maior dos vaidosos! Uma
certa vez fraturou uma perna na chamada batalha de Pamplona e viu-se andando
manco. Não tendo dúvidas quebrou também a outra perna, sem nem tomar anestesia,
para ficar menos estranho.
O espanhol Inácio de Loyola |
Porém, enquanto se
recuperava destas loucuras vaidosas, lia. Lia, e quando sobrava tempo lia. Lia
sobre a vida dos santos e sobre este Cristo misericordioso diante de nossos
defeitos. O restante da história nós já conhecemos: a vaidade extrema se tornou
uma delicadeza
sem fim pelo Amor deste Cristo.
“Dai-me somente o vosso Amor, vossa Graça
Isso me basta. Nada mais quero pedir!”
(Oração de Santo Inácio de Loyola)
Êta homemzinho bravo foi
São
Francisco de Sales! Impaciente, indelicado, as pessoas queriam distância. Talvez
porque fosse o primeiro irmão de outros doze. Imagino um berreiro em casa,
bebês e crianças por todos os lados. Quem sabe este defeito da sua indelicadeza
venha de casa?
Após sua conversão,
entretanto, foi se tornando um sujeito cada vez mais suave e amoroso, ganhando o apelido
de “Doutor Suave”. Abandonou tudo: sua carreira e seus estudos em Direito, para
ser sacerdote. Bastou ir ao encontro do Amor que o suavizou.
O meu preferido! São João Maria
Vianney. Muito ingênuo, para não
dizer burro. O latim não entrava em sua cabeça de forma alguma. Tinha aulas particulares.
Imagino que deve ter ficado até em “recuperação”, pois a situação era
complicada. Por piedade e por se tratar de um sujeito muito simples, foi
ordenado. Por piedade também, o atiraram num fim de mundo, uma cidade que era o
“inferno na terra”: Ars, na França, a qual ele converteria e se tornaria modelo
de santidade.
São João Vianney, o "Cura d'Ars" |
Sabendo de suas
limitações nunca
se deixou estagnar. Poderia muito bem ter falado: “Sou burro mesmo, faz parte. Já nasceu
comigo. Fim.”, mas não. Depois de sua morte descobriu-se uma biblioteca com
mais de trezentos volumes, todos lidos e vários anotados! O Amor, meus amigos,
não tem hora pra parar. Ele se reinventa. Se desdobra.
Mas por que estes homens
comuns se tornaram santos? Se não possuo os defeitos citados ao longo do texto
por esses três santos, como eles são mais santos que eu?
“Pela luta,
os santos se diferenciaram de nós”
(“Amor e Responsabilidade” - João
Mohana)
Um santo é um
batalhador da rotina: aquele que busca a santidade, ou seja, busca ser santo
nos estudos, no trabalho, em casa e, acima de tudo, nas turbulências que a vida
apresenta.
Devemos, primeiramente reconhecer nossos defeitos.
Reconhecer nossos
defeitos, ou permitir o próximo a reconhecê-los para melhorarmos: esta é, sem
dúvida, uma grande experiência de amor.
E então, partirmos para
a prática! A luta. Devemos lutar contra
esses defeitos, mesmo que essa batalha dure a vida inteira. A grande
maioria dos santos deve ter lutado contra seus defeitos até o último minuto de
sua vida, por que não?
“Maria, também quero dizer sim pois quero ser melhor
E ter Deus dentro de mim”
(Prece à Maria - Música)
Ser cristão é uma
batalha, uma luta. E muitas vezes uma luta que não é reconhecida, uma luta em
que não ganhamos aplausos ou reconhecimento e sim uma silenciosa e brava batalha.
Há santos, amigos, que
só Deus sabe o nome!
Um
excelente resto de semana!
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