terça-feira, 2 de julho de 2013

Os Santos Imperfeitos

Em minha infância, no momento em que ouvia minha família rezando para algum Santo, ou quando frequentava a Igreja “São Sebastião” (nossa Igreja do CAP) logo pensava: “Nossa! Esses santos certamente nasceram perfeitos! Passavam longe de quaisquer tipos de pecado...”

Mas hoje percebo que eu estava muito enganado!

Nós, meros seres humanos, somos seres limitados. Temos imensas qualidades, mas também uma infinitude de defeitos. Das mais diversas formas, dos mais diversos tipos. E nosso amor -e por conseqüência- nossa felicidade são diariamente violentados por esses defeitos.
Os santos, amigos de Emaús, também tinham defeitos.

Santo Inácio de Loyola, o fundador dos jesuítas (tem até uma estátua sua em frente à Igreja do Colégio Catarinense), por exemplo. Era o maior dos vaidosos! Uma certa vez fraturou uma perna na chamada batalha de Pamplona e viu-se andando manco. Não tendo dúvidas quebrou também a outra perna, sem nem tomar anestesia, para ficar menos estranho.

O espanhol Inácio de Loyola
Porém, enquanto se recuperava destas loucuras vaidosas, lia. Lia, e quando sobrava tempo lia. Lia sobre a vida dos santos e sobre este Cristo misericordioso diante de nossos defeitos. O restante da história nós já conhecemos: a vaidade extrema se tornou uma delicadeza sem fim pelo Amor deste Cristo.

“Dai-me somente o vosso Amor, vossa Graça
Isso me basta. Nada mais quero pedir!”
(Oração de Santo Inácio de Loyola)

Êta homemzinho bravo foi São Francisco de Sales! Impaciente, indelicado, as pessoas queriam distância. Talvez porque fosse o primeiro irmão de outros doze. Imagino um berreiro em casa, bebês e crianças por todos os lados. Quem sabe este defeito da sua indelicadeza venha de casa?

Após sua conversão, entretanto, foi se tornando um sujeito cada vez mais suave e amoroso, ganhando o apelido de “Doutor Suave”. Abandonou tudo: sua carreira e seus estudos em Direito, para ser sacerdote. Bastou ir ao encontro do Amor que o suavizou.

O meu preferido! São João Maria Vianney. Muito ingênuo, para não dizer burro. O latim não entrava em sua cabeça de forma alguma. Tinha aulas particulares. Imagino que deve ter ficado até em “recuperação”, pois a situação era complicada. Por piedade e por se tratar de um sujeito muito simples, foi ordenado. Por piedade também, o atiraram num fim de mundo, uma cidade que era o “inferno na terra”: Ars, na França, a qual ele converteria e se tornaria modelo de santidade.

São João Vianney, o "Cura d'Ars"
Sabendo de suas limitações nunca se deixou estagnar. Poderia muito bem ter falado: “Sou burro mesmo, faz parte. Já nasceu comigo. Fim.”, mas não. Depois de sua morte descobriu-se uma biblioteca com mais de trezentos volumes, todos lidos e vários anotados! O Amor, meus amigos, não tem hora pra parar. Ele se reinventa. Se desdobra.

Mas por que estes homens comuns se tornaram santos? Se não possuo os defeitos citados ao longo do texto por esses três santos, como eles são mais santos que eu?

“Pela luta, os santos se diferenciaram de nós”
(“Amor e Responsabilidade” - João Mohana)

Um santo é um batalhador da rotina: aquele que busca a santidade, ou seja, busca ser santo nos estudos, no trabalho, em casa e, acima de tudo, nas turbulências que a vida apresenta.
Devemos, primeiramente reconhecer nossos defeitos.

Reconhecer nossos defeitos, ou permitir o próximo a reconhecê-los para melhorarmos: esta é, sem dúvida, uma grande experiência de amor.

E então, partirmos para a prática! A luta. Devemos lutar contra esses defeitos, mesmo que essa batalha dure a vida inteira. A grande maioria dos santos deve ter lutado contra seus defeitos até o último minuto de sua vida, por que não?

“Maria, também quero dizer sim pois quero ser melhor
E ter Deus dentro de mim”
(Prece à Maria - Música)

Ser cristão é uma batalha, uma luta. E muitas vezes uma luta que não é reconhecida, uma luta em que não ganhamos aplausos ou reconhecimento e sim uma silenciosa e brava batalha.

Há santos, amigos, que só Deus sabe o nome!

            Um excelente resto de semana!

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