Milton não parava. Seu
trabalho o consumia e, além de tudo, nos fins de semana (que era pra se tornar
um tempo de descanso) tinha aula de sua especialização.
Com apenas 25 anos era
o funcionário que todo escritório quer ter: pró-ativo, criativo e competente.
Se formou cedo e logo quis garantir seu futuro.
"Trabalho em primeiro lugar!" |
Sua relação com Deus
havia esfriado a muito tempo... Eram tantas coisas a se fazer! Chegou a
participar de grupos de jovens anos antes. Se sentia bem! Era legal! Mas sua “maturidade profissional era mais valiosa
que sua plenitude espiritual”, como alegou quando parou de freqüentar a
Eucaristia dominical e as reuniões de grupo.
Em um dia normal desses,
Milton acordou as 6h como de costume, levantou, e ao abotoar o último botão de
seu terno, caiu tonto sentindo o coração bater mais e mais forte, ele não entendia!
Sentia medo!
A ambulância chegou e o
rapaz só acordou na cama do hospital. “Taquicardia,
garoto. Vai com calma! Você está aparentando ter stress.”
“O mundo de hoje anda sob o stress. Só o
cristianismo pode criar um mundo sem stress.”
(Pe.João
Mohana - “O Mundo e Eu”)
Milton foi levado pra
casa por sua família com um sentimento de dúvida, sempre preocupado com o
escritório. Mas sua mãe logo lembrava: “Você
ouviu o médico! Reduza seu horário de trabalho filho...”
E o rapaz, no dia
seguinte, começou a fazer mudanças.
Foi visitar a praia! Há
quanto tempo não pisava na areia, mesmo morando em Florianópolis... Então, Milton
reconheceu o azul do mar. Entrando no oceano, percebendo o bailar das ondas de
acordo com a correnteza, que ia... e voltava... Parecia uma criança. De lá, não
queria mais sair! Aquele gosto salgado, o cabelo molhado, fizeram-no sentir uma
sensação única e diferente. Ele acabou este dia, contemplando o glorioso pôr do
sol sentado, de forma com que parecia fazer parte da natureza. “Quão belo é ver o pôr do sol ao vivo, e não
apenas na tela de meu computador...” suspirava ele.
Pôr do sol na praia... |
“Devemos ser grato a Deus pelos pequenos
detalhes. Nos detalhes descobrimos o valor de uma realidade. Olhar as miudezas
da vida faz a diferença.”
(Pe.Fábio
de Melo)
No dia seguinte,
acordou cedo e experimentou algo diferente: resolveu correr! O mesmo Milton que
antes falava: “Não tenho tempo pra
exercícios, correr pra que? Pra onde? Por que? Nem sentido faz...”, agora
se pegava alongando seu corpo há tanto tempo acostumado a sentar-se numa
cadeira por horas e horas. Respirava com o corpo inteiro. O sol estava nascendo.
Era como se ele tivesse acompanhado o ritmo que a natureza o propôs. Era como
se naquele dia ele realmente tivesse amanhecido, pois sentia um amanhecer em si
próprio. Um casal de quero-queros, protegendo seu ninho, o fez entender as
peculiaridades de cada criatura na Terra.
Sentindo o puro ar de outubro,
percebeu o tamanhinho que tinha diante deste mundão, e como a vida passa
rápido... Passa rápido demais para quem vive para trabalhar; para quem deixa de
lado amigos, família e amores focando a vida profissional; para quem deixa
Cristo batendo na porta, como um mendigo suplicante de amor... Milton concluiu
que todo este sentimento se deu por um Deus que vem na natureza, no nascer do
dia, no respirar, na quietude.
“Quando maior a dose de ar e de luz solar em
nossos pensamentos, tanto melhor.”
(Henry
David Thoreau - “Walking”)
Sua cabeça estava
funcionando novamente e logo teve uma vontade. Há quanto tempo não ia na Missa
mesmo? Sua mãe, Católica fiel, o levou para a Paróquia de seu bairro. Descobriu
que naquele domingo se comemorava o Dia de São Francisco de Assis, um Santo
diferente, que também foi ao encontro de Deus através da natureza.
São Francisco: O Santo da natureza |
Os cânticos, as
leituras, a homilia... Tudo fazia sentido! Concluiu que havia perdido muito
tempo longe do Amor de um Deus infinito, imenso mas ao mesmo tempo Amigo, Acolhedor,
Carinhoso... "Tu, Senhor, estavas lá este tempo todo comigo!"
“O
Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem
não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo na
Eucaristia.”
(São
Josemaría Escrivá - “É Cristo que Passa”)
Recebeu, depois de
anos, o Corpo e o Sangue de Cristo e sentiu um amor inexplicável! Era como
entrasse em comunhão com o Pai que o criou e que tanto o esperara.
O rapaz continuou a
trabalhar, a batalhar, a estudar, mas a partir daqueles dias entendeu que
sempre há espaço para amar e ser amado por um Cristo que o aguardava, e, além
de manter o contato com a natureza, tornou a Santa Eucaristia o seu combustível
semanal de alegria. “É Cristo comigo...”
dizia ele, apaixonado.
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O Deus descoberto na
natureza de São Francisco de Assis e de Milton também é nosso Deus! Podemos achá-lo
se formos em busca Dele. Simples assim. E a partir daí, re-descobrir um Deus
que -por vezes- não percebemos.
A Eucaristia,
combustível semanal de alegria de Milton, será o tema da nossa Escolinha
Missionária, dia 30/Junho, as 19h no CAP, palestrada pelo saudoso Prof.Carlos
Martendal. Até lá!
Bom resto de semana!
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