quarta-feira, 13 de março de 2013

De Pedro à Francisco





Às 15:06h a fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina, e cinco minutos depois o sino da Catedral foi ouvido no centro da cidade de Florianópolis.

O que significou isto para quem passava na Praça XV? Uma Missa fora de horário, talvez. Mas era mais que isso. Muito mais que isso. O sucessor de Pedro havia sido escolhido. 

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Imaginem aquele amigo exagerado! Que fala pelos cotovelos, em momentos importunos... Agora, lembrem daquele que, por certas vezes, se mostra impulsivo, age sem pensar! O que dizer então, de um amigo egoísta, que só pensa em si? 

Nosso primeiro Papa, amigos de Emaús, tinha todas essas características, e muito mais.
Lembram? Pedro desafia Jesus ao mandar o Senhor ir ao seu encontro sobre as águas (Mt 14:28-29); Pedro quer fugir dos problemas, ao sugerir que permanecessem no local da transfiguração (Mt 17:4); Pedro se mostra egoísta ao pensar que perdera tudo para seguir Cristo (Mt 19:27); É chamado de pedra de tropeço, por Cristo, após um comentário infeliz. 

Pedro e Jesus
A questão é: por que o Filho de Deus escolheu um ser errante e inconstante quando quis encontrar um chefe?

“Cada um deve conhecer a si mesmo para saber onde e como poderá encontrar a serenidade e a paz.”
(Santa Tereza Benedita da Cruz)

Como opções, tinha a devoção de André; a prontidão consciente de Tiago (filho de Zebedeu); a vontade do jovem João; até a organização que Judas Iscariotes demonstrava, por ser tesoureiro da turma; a renúncia e mudança de vida de Mateus; entre outros apóstolos!

Senhor, por que Pedro? Por que?

Os Evangelhos nos contam que, naquela estranha noite em que Jesus foi denunciado por Judas, Pedro se assustou. 

O apóstolo acompanhava de longe o diálogo entre Caifás e Jesus, como quem só está “de passagem” naquela madrugada de inverno. Não assumiu a “bronca” na hora que precisou. Fácil foi amar Jesus quando tudo estava bem!

Foi quando, ao passar o portão, a porteira implicou com ele: “Não és tu também discípulo Dele?” (Jo 18:17). “Não sou!”, respondeu Pedro.

Já tentando se esconder, Pedro foi para um lugar mais afastado, onde não poderia ser achado. Até que soldados, com um aspecto não tão amigável, gritaram de longe: “Tu és um dos discípulos Dele!” (Jo 18:25). Já nervoso, Pedro negou aquele que mais nos amou, pela segunda vez: “Não. Eu não sou discípulo Dele.” (Jo18:25). 

Um dos soldados ainda insistiu: “Eu te vi com este falso profeta! Eu estava no horto! Defendeste ele, e ainda por cima tentaste arrancar a orelha de meu companheiro!” Pedro, tremendo de medo, mas com uma certa naturalidade falou: “Meu amigo, não tenho idéia do que estás falando!”

Minutos depois, um galo cantou no quintal de Caifás e o coração de Pedro disparou. “É como Jesus tinha falado! Antes que o galo cante, eu o negaria três vezes!”

Pedro ouve o canto do galo
 
“Jesus poderia ter escolhido um perfeito, alguém liberto das fraquezas. Mas não. Ele escolhe um homem cujo maior título é amá-lo acima de tudo, e cuja maior proeza foi tê-lo traído vergonhosamente.”
(Pe. João Mohana)

“Será possível, Senhor, que eu tinha dito de ti estas palavras? Tu, o meu amigo de tanto tempo? Tu, que sempre me distinguiste? Tu, que me escolheste dizendo que farias de mim um pescador de homens? Sou o pior de todos! Onde irei agora, Senhor? Por que me quiseste? Tu não mereces meu egoísmo!¹”

E quando Pedro estava a despejar lágrimas infinitas, Jesus passou por ele e os dois olhares se encontraram. O olhar de Jesus não é de censura. É de desamparo. Um olhar inexplicável.

Após a ressurreição, imaginem a vergonha que Pedro sentiu ao ter que lidar com a situação? Mas, Cristo lhe aplica três simples perguntas, mas que significavam tanto para o errante apóstolo. “Tu me amas?” (Jo 21:15).

Pedro se emociona: “Senhor, tu sabes tudo! Tu sabes que te amo!” (Jo 21:17). “Diante de toda minha fraqueza, vês um coração cuja alegria é só uma: amar Aquele que tanto me ama.”

“O Senhor nos ama mais do que nós mesmos nos amamos.”
(Santa Tereza de Jesus)

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Meus amigos, Cristo já havia dito que Pedro era a pedra que edificaria sua Igreja, mesmo antes do acontecido! 

O que o nosso “Mendigo de Amor” sempre pregou foi o AMAR! O AMAR até o fim, o AMAR até o limite, o dom de AMAR! Amar perdoando, amar admitindo os erros, amar educando. E Pedro foi devidamente educado por Jesus. Jesus educou seu coração, não para ser um homem perfeito, mas sim para ser uma pessoa imperfeita, que muito errou, mas que se mostrou arrependida com base no AMOR. A dor de Pedro o tornou maior.

“Maior Louco é Ele, que se fez Amor”
(São Josemaría Escrivá)

É como se Jesus falasse: “Pedro, apascenta minhas ovelhas! Cuida de meus queridos filhos! Coordena minha Igreja, para que seja cada vez mais unida!”

Às 15:06h a fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina, e cinco minutos depois o sino da Catedral foi ouvido no centro da cidade de Florianópolis.

A cada badalada do sino, uma nova esperança. A cada minuto de espera, uma nova emoção. E chega Francisco, nosso Chico! Francisco I, que, com um sorriso nos trouxe alegria. 

“Num gesto de muita humildade, Francisco I disse que antes de abençoar o povo, gostaria que o povo o abençoasse!
Pediu às pessoas que fizessem uma oração de bênção em silêncio, inclinou sua cabeça, e esperou que as pessoas orassem!”
(Fernando Cani)

Como Pedro, Francisco I tem a plena noção de que está longe da perfeição, mas tem uma enorme responsabilidade, a de conduzir-nos da melhor forma possível, em nome do amor, pelo Amor!




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