Enfim, a Páscoa surgiu! Cristo, já ressuscitado vem
alimentar uma esperança que nunca será calada ou contida: o dia em que
estaremos com Ele.
“Um dia eu vou, cruzar o rio...”
Como
seria estar com Cristo?
O
discípulo Saulo, conhecido popularmente como São Paulo (um daqueles santos que “fez
acontecer”, espalhou os ideais cristãos por muitos e muitos lugares) hesitava
ao pensar nisso.
Se
tratava de um discípulo arrependido das atrocidades que cometera anos antes, já
que era perseguidor dos cristãos. Porém o arrependimento de São Paulo não foi
em vão. As lágrimas que deixou cair ao lembrar o mal que tinha feito foram
verdadeiras. Um caso de arrependimento certeiro!
Uma
certa vez, São Paulo escreveu: “Porque
para mim o
viver é Cristo, e o morrer é lucro. Mas, se o viver na carne
resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de
escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo,
porque isto é ainda muito melhor; todavia, por causa de vós, julgo mais
necessário permanecer na carne.”(Fp 1:18-24)
A
experiência deste santo nos ensina muito. Se é na vida eterna que cremos, se é
lá que estaremos, se é o Pai quem nos conforta, como permanecer neste mundo
pecador, incerto e duro?
Leonardo
Boff, um dos maiores teólogos do século 21, comparou o fim da vida a uma viagem
de barco em um rio, e tentarei me aprofundar nesse pensamento.
Colegas
de Emaús, imaginemos que de um lado, temos a “ilha
da vida”, onde estão todos aqueles que ainda não partiram! Nossos
amigos, nossos amores, nossas famílias... Até aquele professor que não
simpatizamos!
Nessa
ilha da vida encontramos dificuldades,
desentendimentos, desamores... Uma ilha imperfeita, por assim dizer. Quão
difícil é perdoar nessa ilha! Quão difícil é amar nessa ilha...
Na ilha da vida às vezes nos acostumamos
com situações mal resolvidas. Já que não é nosso problema, diversas vezes não
enxugamos o pranto do irmão que está ao nosso lado.
A ilha da vida é uma em que se vive com
pressa! Pressa para comer, pressa para trabalhar, e pressa para chegar em casa.
Raramente se para. Dificilmente se reflete, e quase nunca se pensa.
Mas,
mesmo assim, o que mal se percebe é que a ilha da vida,
uma certa hora, acaba. Quando o Pai chama, temos que deixar que o barco nos
leve em um outro caminho, em uma outra direção.
Não,
amigos, esta outra direção não se trata de uma “ilha da morte”, e sim de uma Ilha da eternidade!
“O barco não foi feito para ficar ancorado e seguro na praia.
Mas para navegar, enfrentar ondas, vencê-las e chegar ao destino.”
(Leonardo Boff)
Finalmente,
chegou a hora de partirmos! Mas, de repente vários pensamentos estranham rondam
nossa mente: “Será que amei o suficiente?” “Será que deixarei saudades pelas
coisas boas que fiz?” “Amei como se não houvesse amanhã?”.
Tarde
demais. Essa viagem, meus amigos, é só de ida.
Porém, como cristãos, lembremos
que deixar que a correnteza nos leve neste rio, nada mais é do que deixar a
Vontade do Pai nos guiar. Nada mais importa!
Temos que ter a certeza
que na Ilha
da eternidade encontraremos tantas pessoas que nos são especiais,
nos esperando.
“Assim é com todos os que morrem. O decisivo não é sob
que condições partiram e saíram deste mar da vida, mas como chegaram e o fato
de que finalmente chegaram. E quando chegam, caem, bem-aventurados, nos braços
de Deus-Pai-e-Mãe de infinita bondade para o abraço infinito da paz. Ele os esperava
com saudades, pois são seus filhos e filhas queridos navegando fora de
casa.”
(Leonardo Boff)
Imaginem então, quanto
o Pai não esperou por este re-encontro? Momento venturoso, sublime, em que
estaremos com Jesus!
É a alegria de se estar em Casa, onde pertencemos: na Ilha da eternidade.
É a alegria de se estar em Casa, onde pertencemos: na Ilha da eternidade.
Um dia, também, nós
cruzaremos o rio. Porém não sabemos quando.
Temos amado o bastante para estarmos
preparados para a partida?
Bom resto de semana!
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Leia o texto de Boff na íntegra: http://leonardoboff.wordpress.com/2013/01/28/minima-theologica-em-memoria-dos-mortos-de-santa-maria/
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