Certos momentos de nossas vidas parecem únicos e belos. É como se o tempo parasse naquele momento bom que nunca mais vai voltar. Desde um simples abraço de um avô ou uma avó, até um carinho de mãe e pai, indo até um fim-de-semana especial com os amigos, entre um casal de namorados...
Engraçado é que nesses momentos especiais temos uma sede de viver tudo, com os mínimos detalhes, com o maior cuidado possível. As vezes até nos pegamos parando simplesmente para olhar esse momento e tentar fixar essa imagem em nossa cabeça.
Hoje, nesta tarde chuvosa e fria em Florianópolis, quem não pensou: “Tomara que o verão chegue logo!”
Simão Pedro, o apóstolo, também teve seu momento mais do que especial: a Transfiguração de Cristo, ou seja, a mudança de “figura” de Cristo. O dia em que sua divindade apareceu para Pedro, Tiago e João.
O Evangelho nos conta que Jesus subiu o monte Tabor juntamente com seus três apóstolos. Chegando no monte, “transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.” (Mt 17:2).
Que medo no coração de Pedro e dos outros dois apóstolos! O que estava acontecendo? Será que estava tudo bem? Pedro nada entendia.
Eis que então, nosso amigo Pedro vê Jesus conversando com Elias e Moisés. Dois ícones, dois símbolos, duas personalidades do Antigo Testamento.
Moisés foi o forte, carismático e decidido líder de uma geração de Israelitas para levá-los até a terra de Canaã. Já Elias, extremamente íntimo com Deus era o líder realizador de uma voz profética para sua geração.
Imaginem então “para um Pedro” como seria ver isso tudo! Que momento! Que gostoso! Que misterioso!
Então, Pedro pode ter pensado: “Diante de todas as dúvidas que tenho e nem tenho coragem de contar para Jesus, agora eu acho que ele realmente é o Filho de Deus! Preciso ficar aqui, preciso permanecer aqui! Imagine quanto eu aprenderia com Moisés, Elias e Jesus juntos! Sem problemas, sem trabalho, sem rotina. É isso, quero definitivamente permanecer aqui!”
É aí que Pedro sugere: “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tendas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias”. (Mt 17:4)
Nosso amigo Pedro, ‘8 ou 80 e exageradinho’ segundo Pe.Bianchini não continha suas palavras. Tinha que falar. Tinha que tentar parar aquele momento.
“Pedro sentiu o Tabor como um céu antecipado: ‘Isto já é o Céu, Senhor. Fiquemos logo no Céu. Livremo-nos das tensões de Jersusalém. Fujamos das tensões da vida’”
(Pe. João Mohana)
Tinha plena confiança que Cristo poderia aceitar sua proposta, quem sabe? Ficariam ali, os apóstolos ouvindo os Mestres, sentados durante longos dias, ouvindo coisas que nem o fariseu mais estudado saberia explicar! Pedro conheceria todos os mistérios do mundo, imaginem! Ainda mais quando ouviu o Pai dizendo: “Este é meu Filho amado. Nele ponho todo o meu agrado” (Mt 17:5)
“Na Transfiguração a Trindade inteira se manifesta: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara.”
(Prof. Felipe Aquino)
A fuga das tensões, das dificuldades, dos momentos nem tão “únicos e legais” é uma tendência. Pensar em jogar tudo pro alto quando as coisas não vão bem é fácil, convém! Mas Cristo não quer isto pra nós. Quer que sejamos fortes e enfrentemos os momentos. Quer que sejamos feitos verdade em nossas vidas, em todos os momentos.
Quantas vezes nos pegamos como Pedro ao olhar aquela foto que representa tanto para a gente daquele momento mais do que especial? Quantas vezes nos retiros de Emaús temos vontade de não sair do Morro das Pedras nunca mais, permanecer com o Sacrário naquela capela?
Mas, como os apóstolos, Pedro precisou descer o seu “Morro das Pedras”. Precisou descer o Monte Tabor.
“A cena da Transfiguração descreve de modo admirável todo o dinamismo da vida cristã, revelado através do fato de que Jesus e os apóstolos “sobem” ao Monte, lá têm a experiência de Deus e depois têm que “descer””
(Gaetano Passareli)
Que, nesta semana que inicia, possamos saber fazer da nossa rotina o Tabor. Que possamos santificar nosso estudo, nosso trabalho, nossas atividades bendizendo, glorificando, e orando para o Pai que tanto nos ama!
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